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O pps veio por e-mail. Dois motivos de gratidão. Estar na tua lista, D. e lembrar Cora Coralina. Pra nós, os envelhescentes – este não é o teu caso por ainda muito, muito tempo – a memória é gênero de primeira necessidade. E você fez lembrar o dia, 42 anos atrás em que o Rúbio, filho da Dna. Vicência apareceu com meia dúzia de livros de capa azul pálida no ginásio. Éramos da mesma classe. Disse-nos que sua avó havia publicado aquele livro e se teríamos interesse em comprá-lo. O título parecia fascinante: “Poemas dos Becos de Goiás e outras histórias”. Claro! O texto mostrou-se mais fascinante ainda. Era o ano de 1965. Goiás parecia tão remoto e Dna. Ana (a avó do Rúbio) o trazia tão perto. Prá não parecer magia, ela mesma explicava em “Ressalva”: “Versos... não / Poesia... não / um modo diferente de contar velhas histórias” (Poemas dos Becos de Goiás, Ed. José Olympio). O tempo passou. Outros livros vieram e com eles a dimensão totalizante de Cora Coralina. Posso te contar uma coisa? Eu também não sei porquê, mas alguma coisa faz com que eu a associe ao Siron Franco de uns 25 anos atrás. E penso nos quadros dele como uma sobrevida dela. Obrigado, D., pela inclusão na tua lista.
Ilustração: "Madona, 1977" óleo sobre madeira de Siron Franco