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Reflexões sobre conhecidos que vão e voltam da Índia
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Se alguém vai a Índia atrás de um guru de aluguel estará fazendo uma indiada.
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Se um guru é um guru os que o representam pelo mundo são sub-gurus.
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Há dois tipos e sub-gurus: os que “vendem o peixe” e os que tendo comprado o “peixe”, ingênua ou patologicamente acreditando-se “escolhidos” – os evangélicos chamam de “ungidos” e a Ruth os chamava de “untados” – servem para dar o testemunho avalizante para os novos desavisados sob a orientação dos primeiros.
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Quando o discípulo está pronto o mestre e seus asseclas faturam.
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Quanto mais discípulos, maior é o faturamento.
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A maracutaia mística envolve transporte aéreo e terrestre, souvenirs (travestidos de objetos de culto), hospedagem em condições miseráveis a preço cinco estrelas, gastronomia de campo de refugiados em nome da frugalidade a preços estrelados de Guia Michelin, meditação continuada para que ninguém se lembre de olhar em torno com atenção e a constante vigilância da equipe de lavagem cerebral. Um pacote tão rendoso para quem vende como letal para quem compra. As doenças contraídas pela falta de higiene, desnutrição e stress dessas viagens como as febres, diarréias, etc. são creditadas a purificação espiritual que pode ou não ter seqüelas físicas..
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Os incautos (indivíduos frágeis emocionalmente, desorientados, maria-vai-com-as-outras ou simplesmente idiotas) são o grande objetivo e mercado eleito. O diferencial da oferta é ser “discípulo de um guru vivo”.
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Alguns espertos aproximam-se de uma estrutura dessas, investem na aquisição do pacote, vão a Índia e na volta abrem as suas “franquias” as quais adicionam toda a sorte de delírios concebidos cuidadosamente para dar a resposta certa a qualquer pergunta dos seus sub-discípulos.
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Uma característica de todo esse processo atentatório contra a liberdade individual é a subserviência ao guru e aos subs. A compensação vem sob a forma de valorização da “devoção ao mestre”.
Os que não compactuam com a escolha são afastados pelo inflar da bola da vitima para não provocar questionamentos. Companheiros, filhos, familiares, amigos, todos passam a ter uma só medida: a utilidade, pois “não viram a luz”. A coisa em si é muito similar ao mecanismo do tráfico de drogas, com a vantagem de não gerar flagrante. Os filhos menores costumam ser as maiores vítimas do descaso, já que passam a serem vistos como incômodos em função das suas necessidades.
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Saudade dos sólidos manuais da Hoepli e até dos “... em 10 lições sem mestre” das Edições de Ouro. Só que eles funcionavam.
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E a “indiada”?
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Esta expressão gaúcha de grande abrangência deve ser aplicada a quem vai a Índia em busca de iluminação a pagamento. O conceito é inequívoco: fazer algo que pode gerar arrependimento, fazer algo que “dá merda”, sentir-se ridículo. Oremos que eles acordem do sonho induzido e possam rir da indiada.