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Os anos foram passando e a clientela mais que conhecida acostumada a comprar pra pagar no fim do mês. Com a idade já não era tão simples manter a labuta da terra. Mas seo Antonio não era homem de parar. Alem disso, a sua figura paternal e uma gentileza infinita, naturais dele, tinham transformado os clientes em amigos. E amigos não se abandonam.
A carroça já estava ali. Os vizinhos, também pequenos agricultores familiares acharam ótimo ter alguém que comercializasse os seus produtos pela cidade. E seo Antonio virou carroceiro. Até a clientela foi até aumentando já que ele podia circular mais vezes por semana. A cidade, Tubarão em SC, foi crescendo. Mas os hábitos antigos não mudam fácil e o “pindura” continuava a existir. Afinal era gente boa e conhecida.
Um dia seu Antonio não veio. Outro também e outro e os amigos/clientes começaram a ficar preocupados. Correu a notícia: ele estava hospitalizado. Um mês depois, alguém disse que ele tinha morrido. Consternação geral. Ficava o problema: a quem pagar as dividas? Alguns decidiram esperar mais um pouco e ver se alguém vinha cobrar. Senão procurariam a viúva e levariam o dinheiro.
Seo Antonio demorou no hospital mas estava vivo. Lá pelo terceiro mês ele reaparece nas ruas conhecidas com a carroça e os seus produtos. Entre o susto e a alegria com que foi recebido muitos aproveitaram para lhe entregar o dinheiro reservado para o pagamento. A surpresa maior foi de seo Antonio: alguns desses clientes, gente pequena mas honrada e religiosa achou que não ficava bem dever a um morto. E converteram o pagamento da divida em velas e missas por intenção de sua alma.
Seu Antonio considerou-se pago e a prova disso é que se a sua herança não chegou até os netos, a estória sim. Pois quem me contou foi a sua neta que já é avó.