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Seu Isaac era a imagem da placidez em forma humana. Ainda na Jerusalém Celestial, Deus tinha duas formas de envia-lo para baixo: um lago alpino no meio de um bosque ou cidadão amazonense. Prá sorte da humanidade, como de costume, escolheu o melhor. A longa carreira no Banco da Amazônia acabou por traze-lo a São Paulo, onde, um dia, chegou também a sua aposentadoria. As reações dos colegas oscilavam entre a alegria de vê-lo poder descansar e a impossibilidade de imaginar o BASA sem ele. Se ao invés de nascer em Manaus, tivesse nascido em Kasrílevke e lá houvesse uma agência do BASA, com certeza sua aposentadoria, mencionado respeitosamente como Reb Isaac, teria sido contada por Scholem Aleihem..
O ultimo dia no Banco chegou e os amigos (Seu Isaac só tinha amigos, não colegas. Conhecendo-o, não dava pra ser de outro modo), com toda uma organização prévia, fizeram um almoço de despedida no sábado. O período que o antecedeu deve ter sido o de maior conexão da história entre a matriz e a filial em SP. Tudo, vindo em segredo, de avião, para que nenhuma iguaria célebre amazonense estivesse ausente da homenagem. Chegou o sábado com seu almoço, brindes, discursos, histórias de camaradagem relembradas, o que é usual numa despedida, mas com aquele travo triste muito bem disfarçado para não emociona-lo (por causa da idade) que cabe em celebrações de partida. Já tarde entrada, a dedicação de Seu Isaac a mais um pedaço de peixe, amazonense como ele, fez com que engasgasse com uma espinha e desmaiasse.
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Grande correria para leva-lo inconsciente, ao pronto-socorro mais próximo. Com radiografia e pinça, a espinha foi removida da garganta. Família e amigos tranqüilizados, Seu Isaac foi deixado repousando sobre a maca. Depois de acordar, teria alta. E ele acordou! Sem saber onde estava, levanta-se energicamente atingindo com a fronte o projetor do aparelho de Raios-X sobre ele deixado indevidamente, caindo a seguir da maca!.
Os que não tinham acompanhado a sua remoção da festa, foram vê-lo depois, no hospital. Da cama, com a perna engessada com tração, o braço e o tronco (costelas) engessados. A pergunta era inevitável: - “que foi isso, Seu Isaac?” A resposta vinha na mesma voz suave que o caracterizava, um pouco dificultada pela lesão na garganta: -“Espinha de Peixe!”.
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.Para:Seu Isaac, onde estiver, Schalom aleihem! e M., por provocar a lembrança, Pax Vosbiscum!