terça-feira, 18 de setembro de 2007

Lauro, o Detran, o Zagaia e o pedágio.

Durante os quatro últimos dias ditos "úteis" passei nada menos que três entre os saguões e o entorno do monstro niemayeriano do Detran de SP. Prá variar, um exemplo da eterna megalomania do Sr. Oscar que nem a velhice, que para alguns traz a sabedoria, conseguiu atenuar - veja-se o Memorial da América Latina e o monumento a JK. Com a idade do projeto pesando-lhe às costas, (o venerável Lucio que o diga!) fica mais do que evidente que este senhor não prima pela preocupação com o uso real do espaço. Manutenção, aliás, difícil "pela própria natureza"é palavrão e boas edificações requerem menos. Foi assim, nesse "pátio de milagres" tão ao gosto medieval, que lembrei do Lauro. Absoluta falta do que fazer enquanto um "despachante" procurava contornar meandros de incompetência que fazem com que um cidadão comum tenha que autenticar um procedimento pré-autenticado pelo INMETRO mediante declaração com firma reconhecida em cartório. O Lauro é um amigo que não vejo há muitos anos. Espero que ainda viva saudável e bem na La Paz do Evito (mas que Deus o livre dele!). Laurito tinha uma avó. Esta como as avós andinas, não tinha aquela informalidade e competitividade que as faz tentarem suprar as mães nas preferências dos filhos. Era altiva, digna e doce como o sabem ser as mulheres da gente aymará. Foi para ela que meu pensamento, entre irado e desocupado, viajou durante as caminhadas inúteis entre marquises. Foi dela que ouvi, muitas vezes: "Tiawanaku foi construida quando os aymarás sabiam fazer a pedra!" Eu lembrava então a nossa clássica expressão - "No tempo do Zagaia...". Este personagem, que nunca existiu, era na verdade o resultado da corruptela da expressão: "nos tempos da azagaia." Ambas para indicar um tempo tão antigo quanto edênico ou seja, livre do pecado. Voces podem imaginar a minha cara, horas mais tarde no pedágio de Sorocaba quando a gentil cabineira pegou numa nota de cinco reais e a observou contra-luz? Perguntei-lhe se estavam usando notas falsas de 5 reais: "- de 1, 2, 5,10,20,50 e 100 reais feitas em copiadoras color!" Quero de volta o tempo da azagaia, quando os aymarás, sem evito y sus ministros sabiam fazer a pedra. Viva o saudosismo ético!