quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Amanteigados



Esta postagem deveria ter sido feita antes, na serie “on the road”. Por uma bobeada do digitador ou por influencias cósmicas a foto escondeu-se até hoje (a segunda hipótese é mais charmosa). Assim vejo-me no dever de partilhar com vocês um aspecto da culinária serrana que apenas entrevi: os amanteigados.

Estes foram encontrados no Ponto dos Pães, na avenida principal de Urubici, uma pequena padaria onde também é feito um pão de milho colonial fantástico e completamente diferente, enquanto textura e sabor, dos que conhecemos em SP.

São do tipo capaz de alucinar um confeiteiro austríaco! Depois de degustar um, motivado pela necessidade de conceituação, comi o segundo. Daí a afirmação: são do tipo capaz de alucinar um confeiteiro austríaco! Este foi o meu primeiro contato com um universo a ser explorado “se a tanto me ajudarem o engenho e a arte”.

A estória é a seguinte: nos tempos da colonização da serra catarinense fazia parte das práticas domésticas a separação da manteiga do leite fresco. Donde ela era abundante mas oferecia os seus problemas para ser conservada. Por hábito europeu, o papel do pão na dieta rural era muito forte. Some-se a isso o bom senso típico das populações camponesas e essa manteiga passou a ser incorporada a vários elementos de longa conservação que faziam parte do dia-a-dia, principalmente as massas assadas. Quem me contou foi o padeiro, ele mesmo um serrano. Parece haver uma grande variedade de pães com essa denominação, amanteigados. Será uma agradável tarefa descobri-los.