sexta-feira, 2 de novembro de 2007

"Os mortos não podem louvar a Deus"

Outro dia, com calma escreverei sobre Aldo Sonnino e seus "Racconti chassidici dei nostri tempi"(Editrice La Giuntina, Firenze, 1978, 1995). Por hoje, porque alusivo, fica este texto do livro.
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Os olhos do jovem Shelomò eram tão penetrantes que parecia quisessem perfurar o Céu. Na pequena vila murmurava-se que nenhum homem sabia, como ele, amar a Deus com todo o coração, toda a alma e todas as forças.

Um versículo dos salmos, lá onde está escrito que “os mortos não podem louvar a Deus”, entristecia profundamente Shelomò. Buscou então o seu Rabi para conhecer o sentido oculto daquelas palavras.

Disse Shelomò ao Rabi: “Meu Mestre, o Santo dos Santos fixou o dia do meu nascimento. O Santo dos Santos decretará o dia da minha morte. Nesta terra, aprendi a amar a Deus, seguir os seus mandamentos e dizer os seus louvores. Eu não desejo que exista um dia, um dia somente, no outro mundo no qual não me será concedido louvar a Deus.”

Respondeu o Rabí: “existem dois modos de louvar a Deus. Em vida, sobre esta terra, os teus louvores ao Senhor nascem das ações que você pratica cotidianamente, ajudando o próximo e trazendo serenidade ao coração dos homens ( que o Santo dos Santos criou a sua imagem e semelhança). Neste sentido, os mortos não podem mais louvar a Deus.

Quando a tua alma abandonar esta terra, ela levará consigo todo o amor com o qual, em vida, amaste o Santo dos Santos. Então os Anjos te acolherão e poderás unir-te aos seus louvores. Somente nesse sentido os mortos podem louvar a Deus.”