sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Centésima postagem


Centésima postagem! Sempre parafraseando Manolito, o personagem do Quino: “Hay de todo em este blog de Dios!”

Pois hoje vou postar uma história que contei sempre que o assunto era a dedicação dos animais aos humanos. Desta vez tenho a foto da heroína, Lili. Benditos guardados anárquicos. Acho que em breve postarei algo do tipo “Limpeza em Arquivos Anárquicos e fontes documentais”.

Quando moramos em Caldas Novas, GO, há 30 anos atrás, trabalhava no único pequeno hospital da cidade um bioquímico, o Paulo. A família era constituída por ele, a esposa e três filhos, o da foto o mais novo, e a Lili. Todos se tornaram amigos nossos e o menor tinha uma grande ligação com a Ruth. A Lili era uma doublè de companheira de folias e guardiã das crianças. Gentil, inteligente e afetiva com os adultos, sempre exprimia na sua relação com eles uma grande maturidade. No meio de uma tarde de verão, enquanto o garotinho da foto brincava no chão frio da cozinha e a babá assistia televisão na sala (os pais trabalhavam e os irmãos estavam na escola) entrou pela porta que dava para fora uma grande aranha do cerrado, dessas perigosas e letais, que se deslocava na direção dele. Lili, que estava sempre ao seu lado, atacou a aranha latindo alto e furiosamente. A babá atraída pelo barulho olhou a cena e correu para “buscar socorro” sem pegar a criança. Lili lutou com a aranha mordendo-a e sendo picada por ela. Quando a ajuda chegou, a aranha estava morta e Lili agonizava ao seu lado. Levada para o hospital, chegou a receber soro e medicação (na cidade só havia um “vacarinário”, veterinário que descornava bois). O Paulo e o Geraldo, este médico, fizeram o que sabiam e podiam. O veneno já tinha tomado o seu corpo e ela morreu durante uma parada respiratória. Conforme o Geraldo, que antes de fazer medicina criou-se em fazenda goiana, se a criança tivesse sido picada, o óbito seria inevitável. Por ela e sua memória, invoco a Tradição: “quem salva um ser humano, salva toda a humanidade!” Lili o fez!