sábado, 5 de julho de 2008

Até sempre, São Paulo!

protobandeira paulista de julho de 1932


Mais uma vez te deixo. Mas não será como as outras. Tomo o caminho do sul como fizeram, há séculos muitos dos teus filhos. Mandava-os el-Rey. A mim, manda-me a vida. De seu exemplo e memória, anima-me o desejo de servir. Não a el-Rey, mas ao próximo, como forma de servir a Deus.



Foi benção e privilégio ter-te por berço. Teu amor pelo Brasil parece nos impregnar, a todos, desde o ventre materno. Muitos tiveram a honra de exprimir esse amor nas horas difíceis desta terra. Dois deles são colunas mestras do exemplo: Amador Bueno e Julio Marcondes Salgado. E se de outros fossemos dizer nomes, que imensa lista de luzeiros produziste em teu chão. De Sacramento aos Guararapes, deixaram seus ossos como testemunho da tua vontade de união. Por teres compreendido melhor do que ninguém o sonho dos pobres cavaleiros do Templo. Porto seguro para exilados, indígena, português, espanhol, mameluco, europeu e nordestino, todas essa faces te pertencem. Caldeaste o anonimato dos deserdados em liberdade, dignidade e cidadania. Talvez os jovens, privados da tua história, não te conheçam desse modo. Mas lança teu chamado e verás do que a tua voz é capaz. Não foi assim em ’32? Ali nasceu também a tua bandeira, Bandeira de Treze Listras. Quantas outras existem em nossa América forjadas com sangue e coragem no lume da batalha? Três cores: preto, branco e vermelho. Cores da terra, moídas em pilão de pedra, diluídas na água da espada. Simbolismo de Irmãos Antigos que cruzaram o oceano de sonho para materializar a alegoria. É isto o que sempre foste. Retorta do Divino Mestre para a grande obra da Fraternidade. Sabe quem deve que negra é a matéria original e branca a lavoração que conduz ao ouro rubro da primeira manhã. São tão poucos os que hoje se lembram. Mas o Espírito vive mesmo no esquecimento. Um ultimo pedido: mesmo sem outro mérito alem do amor que me liga a ti, quando chegar a hora final, possa o meu nome ser incluído no kaddish que teus rios dizem todas as manhãs pelos que se foram.