sábado, 16 de agosto de 2008

Patranha institucional

A frustração dos pescadores passava um tom de raiva contida enquanto abriam a tampa do depósito quase vazio. São pequenos. Enquanto isso, com bate-bumbo midiático, o governo anuncia a liberação de verbas para aumentar a tonelagem pesqueira em grandes barcos. Permanece um fato: para pescar o quê? O peixe está diminuindo ano a ano. Benefícios sim, para estaleiros, financiadores e políticos em ano eleitoral. Conheci aqui um velho grego, "seo" Konstantino. Trocou, há alguns anos, o papel de industrial em SP pelo de profeta que clama no deserto em SC. Com uma calma e resignação excepcionais prega a formação de creatórios comunitários de peixes marinhos. Demonstra a viabilidade do projeto e já falou até com a "gente certa" de Brasília. Oferece o modelo grego que é praticado com resultados reais. Conta sorrindo que um dos seus mais atentos interlocutores, prefeito aqui na região, ao término da exposição perguntou quantos votos ganharia com isso. Mais duas gerações e a imensa maioria da população só verá peixe em estampas (adorável palavra em desuso) e na traseira de carros de católicos carismáticos.