segunda-feira, 29 de março de 2010

Pães & Grãos

Pão integral: é bom para quem vende ou para quem come? Essa é uma das perguntas que será respondida este ano no mês de maio ao menos para o consumidor europeu. Resultado de um investimento de 10,81 milhões de euros o projeto envolve 15 paises e 40 instituições cientificas em âmbito exclusivamente europeu desde 2005 chamado Healthgrain (Exploiting Bioactivity of European Cereal Grains for Improved Nutrition and Health Benefits" ) procura definir o que há de verdade no consumo de cereais. Do pão branco ao integral, a avaliação cobre todo o processo produtivo isto é, dos grãos passando pelas farinhas e chegando as diversas receitas (ou formulações).
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Alguns mitos serão destruidos como o de que o pão integral “não engorda”. A diferença calórica já estabelecida entre ele e o pão branco (convencional) é de apenas 23 % ((225 kcal/ 100g contra 290 kcal/ 100g ).
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No interesse dos diabéticos deverão surgir dados como alertas sobre o pão de centeio, campeão no aumento da glicemia.
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O grande problema do pão dito “integral” está na forma de moagem da farinha: moinhos industriais, mesmo produzindo uma farinha do grão inteiro, retiram por peneiras a sua casca onde está o acido fítico, agente sinergético que liga os nutrientes contidos no grão (ferro, cálcio, lipidios, amido, antioxidantes e vitaminas do complexo B) dificultando, quando não impossibilitando, a sua absorção pelo organismo. O ideal seria deixar de lado os atuais moinhos de aço e retornar ao de pedra.
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Outro aspecto já determinado é o de evitar o uso de pão integral nas dietas de portadores de gastrites, ulceras, dispepsia e meteorismo, bem como na diverticulite ativa por sua lenta digestibilidade comparada ao pão branco...........
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Uma contribuição da internacionalmente amada Pizza ao bem estar da humanidade foi a descoberta de que o processo fermentativo da massa feito com a adição do lixo chamado de “melhoradores de fermentação” (que na realidade diminuem a digestibilidade dos carboidratos e no pão branco aumentam a propensão a obesidade), pode conduzir a contaminação do intestino delgado por bacterias causadoras de distenção abdominal (por produção de gases)e desconforto. O alerta vem do Hospital San Martino, de Genova, e o trabalho é do grupo de médicos liderado pelo Prof. Dr. Costantino Troise.
 
É bastante divertido e elucidativo o comentário do Prof. Dr. Andrea Ghiselli, pesquisador do INRAN (Istituto nazionale Ricerca Alimenti e Nutrizione) de Roma a proposito de que carboidratos previnem infarto e diminuem o risco de aterosclerose, daí a sua tradução nesta postagem:
“Certamente o conselho de comer carboidratos complexos (pão e massas sobretudo na Italia, mas tambem o arroz e o cuscuz marroquino em outras tradições) em teoria parecem conflitar com a manutenção de um correto peso corpóreo e com o risco de desenvolver, mais dia ou menos dia, sobrepeso, insulino-resistencia e diadete. Mas na realidade se trata de um conflito aparente: é o consumo de quantidades exageradas de carboidratos que comporta o risco de sobrepeso e diabete, não o consumo de quantidades equilibradas. Equilibradas com que? Com a sadia e regular atividade fisica de todos os dias que balanceará a necessidade calórica diaria de modo a poder permitir-se uma alimentação saborosa, sadia e diversificada; não será através da renuncia ao pão e as massas que se manterá o equilibrio. Os preguiçosos, os teóricos do hiperproteico, dos chás, a Associação “Inimigos do Carboidrato”, o Clube “Proteinas à Go-Go”, meditem sobre este fato com calma porque existem numerosas evidencias científicas que a adesão a dieta mediterranea proteja das principais patologias do nosso tempo, e que mesmo pacientes sobreviventes de infarto do miocardio, se mudam a sua dieta aproximando-a do modelo mediterraneo, terão uma vida melhor e mais longa, não obstante a sua doença (em resumo, prevenção primária e secundária) enquanto não existem evidencias de que dietas que privam ou sejam de baixo aporte de carboidratos sejam benéficas para a saude. Antes, como no experimento com ratos, mas extensivel aos humanos, quando ci sono*, são contrarias.”
* não resisti a manutenção da forma original pelo aspecto humoristico.
Fontes: Corriere della Sera, seção “Salute” / Projeto Healthgrain (http://www.healthgrain.org/pub/index.php)