domingo, 2 de setembro de 2007

E Bob Dylan, sem querer, apresentou Jimmy Smith

Um dos maiores impactos da minha adolescência veio de “Highway 61 Revisited”. Acho que muitos outros do meu tempo sentiram isso. Ali estava “Like a Rolling Stone” e era um complemento necessário a nossa prévia descoberta de Lindolf Bell e a Catequese Poética. Hoje creio que, para alguns, essa é a fase da síntese absoluta. Em nenhum outro momento estaremos tão aptos e ávidos para incorporar a vida como ela é baseados somente na escolha instintiva do que nos serve ou não. No meu caso, a natureza desse impacto foi, antes do texto, a sonoridade. Só depois vim a saber da força de um Hammond B-3. Mas a sua presença ali mostrava que havia mais do que Bill Halley e seus Cometas Alienados. Um comentário sobre o uso do órgão no arranjo provocou o resto: “vc já ouviu Jimmy Smith?” (intervalo religioso: “-Senhor Deus do Universo, se esta é uma terra de penitência, a minha geração já a cumpriu integralmente por viver também num tempo sem Internet!” fim do intervalo). Achar discos naquele tempo, 40 anos atrás, não era só questão de dinheiro... era também de geografia e convencimento familiar. Mas a teimosia sadia sempre vence, algumas vezes em forma de bolachas de vinil. Foi assim que cheguei a descoberta do Sr. James Oscar Smith. Jimmy se foi em 2005 aos 79 anos.
Alguém tem dúvida quanto ao destino?