quinta-feira, 8 de abril de 2010

USADO sim! Idoso NÃO!

Caminhar faz bem. Parece ser algo fácil de ser feito por qualquer individuo com duas pernas independentemente de sexo, cor, religião ou ideologia. Estou descobrindo que não é. Se você é jovem ou antenado, comprar um tênis de caminhada é apenas questão de entrar em uma loja. Se não é, e alem disso é heterossexual, precisa antes fazer uma pesquisa para saber o que é um tênis masculino. A impressão que fica é a de que os tênis estão mais para hermafroditas do que para unissex. Quando você resolve isso, vem a questão da roupa a ser usada para caminhar: bermudas ou abrigos. Depende da estação do ano. Se for ainda quente, cuidado para não colocar a camiseta para dentro e puxar a cintura acima do umbigo. Isto te colocaria na condição de caminhante senil. As meias devem ser brancas. É um código para informar que você está caminhando como pratica de saúde, quer você a tenha ou esta indo atrás dela. O uso de qualquer outra cor pode gerar nos outros caminhantes formais reações de justa indignação. E se você levar mesmo a serio, a necessidade de reflexão sobre este simples ato de colocar um pé adiante do outro alternadamente pode ocupar um longo tempo. Mais do que você levou para aprender a andar na infância. Meu conselho para os principiantes como eu é de que mesmo sem cumprir a totalidade dos pré-requisitos para a caminhada você comece pelo menos a andar. Ainda assim algumas surpresas ocorrerão. Você descobrirá que as meias devem ser vendidas somente aos pares (veja a imagem acima) o que te dará uma sensação similar a da iluminação búdica e provavelmente mudará os seus hábitos de consumo. No meu caso esta revelação obtida graças a uma etiqueta, fez-me pensar sobre a nova etapa da minha vida que começará dentro de escassos 56 dias: a Terceira Idade de acordo com a convenção que a estabelece diferentemente para paises como o nosso, “em desenvolvimento (leia-se terceiro mundo)” e desenvolvidos. Na verdade essa classificação é excessivamente generalizante. Minha proposta é que a gerontologia estabeleça uma alternativa a condenação por decreto a senilidade. Essa alternativa, constitucionalmente amparada permitiria que o individuo optasse entre a condição de idoso e a de usado. Filhos que somos do Século do Automóvel nossa auto-estima seria reforçada. Quanto a mim, graças a iluminação recebida de uma etiqueta de meias brancas (simbólico, não?) declaro-me USADO a partir desta data rejeitando qualquer identificação como idoso.